quarta-feira, julho 25, 2007


nunca o meu nome junto a um número tinha feito tanto sentido.

nunca, numa situação destas, me tinha sentido com uma energia tão forte.

consegui. cumpri aquilo que me tinha imposto a mim mesmo e, acima de tudo, não desiludi aqueles que depositaram a sua confiança em mim.

foi aí que não me apeteceu festejar. pelo menos, festejar da forma que sempre faço.

meti-me no carro e meti-me na auto-estrada. eram 400 kms, estava cansado, ainda não tinha comido nada, mas isso não me demoveu. fiz-me à estrada com o desejo de aproveitar o pouco tempo que tenho, com o desejo de abraçar a família, de ver os amigos e de, acima de tudo, voltar a ver a minha terra, voltar às minhas origens, sentir-me integrado, de novo.

o cansaço era grande, mas também o era a vontade de ver a terra que me criou.

admito que o carro voou e nem o medo das multas me demoveu. eu ia continuar até chegar pois tinha que festejar.

não era apenas um festejo comum.

era o festejo que nunca tinha sentido na vida. era a sensação de dever cumprido. o sentimento que alcancei todos os meus objectivos.

era esse sentimento que me movia, assim como era ele que me trazia uma sensação estranha. não era aquilo o fim. é apenas o começo de algo muito maior. é o surgir de novos objectivos. é o nascer de novas ambições.

contudo, era um sentimento tão forte que não me deixava pensar direito. era um sentimento que me pôs a chorar.

não eram lágrimas de dor, não eram lágrimas de trsiteza,mas eram as minhas lágrimas de vitória. as minhas lágrimas de contentamento. as minhas lágrimas de querer mais.

foi com essas lágrimas que esqueci, por momentos, todos os outros e que me fizeram olhar só para mim.

estava feliz. estava, não. estou feliz.

feliz pelo que atingi e, sobretudo, por tudo aquilo que ainda vou vou alcançar.

não obstante, ainda não estar nada acabado. na verdade, ainda mal começou, mas, mesmo assim, só um pensamento me acompanhou durante esses 400 kms:

"EU CONSEGUI."

segunda-feira, julho 23, 2007

Resposta ao Blog Ipsis Verbis

Cinco livros que me marcaram.

1º- " O Amor é fodido" de Miguel Esteves Cardoso.
Li-o numa altura em que me fez perfeito sentido e captou-me desde as primeiras linhas pois me identifiquei logo com a frustração do eu lírico. "Quem me dera que ainda estivesses viva. Apenas o tempo suficiente para te matar.

2º- "O maçon de Viena" de José Braga Gonçalves. Muito fiquei eu a pensar nas maquinações que se encontravam por detrás da reconstrução da Velha Lisboa. Ainda por cima, à altura em que o li, morava na Baixa Pombalina.

3º- "Apocalipse Nau" de Rui Zink. Por ser o fim anunciado do mundo numa perspectiva de quem, na verdade, o desconhece e, no Fim, nada realmente acontece.

4º- "O Fiel Jardineiro" de John La Carré. por ser uma história de amor intensa que se desenrola, depois, apesar, e acima da morte da mulher que ama. A prova que o amor não é algo instantâneo.

5º- "O evangelho segundo Jesus Cristo" de José Saramago. Por ser polémico e por trazer uma visão diferente dos dogmas que temos como certos.

Passo a desafiar outros cinco:

Meghy, do Blog Ambloguidades.blogspot.com
Muro das Lamentações,do blog palavrasquevoam.blogspot.com
Vera, do blog caliceporpura.logspot.com
bruno, do blog cenasdosamigosdobruno.blogspot.com
momentos, do blog maniadosucesso.blogspot.com

segunda-feira, julho 02, 2007

sem destino...

peguei no carro.
fiz-me à estrada. segui sem destino, sem local para ir. não era o meu objectivo chegar a lado algum, mas afastar-me de onde saí.
segui, segui, ao sabor do vento e ao som de uma qualquer canção. segui sempre, até o carro dar o berro. não fiquei chateado, não gritei. saí do carro e continuei a andar. andei até ao mar, onde entrei sem sequer tirar as calças.
porque o fiz?
não sei. não estava a fugir de nada. não estava a fugir dos meus problemas, não estava a fugir de ninguém. apenas cedi a uma loucura de chegar a lugar algum sem, sequer, pensar se conseguia voltar.
andei até o carro dar o berro. continuei a andar até não haver mais terra para caminhar.
o que tinha na cabeça? nada, com excepção de um vão objectivo de ir, de correr, de sair de um lado sem ter que chegar a outro.
conduzi, andei, nadei sem olhar para trás, sem pensar no passado e, muito menos, sem ver o futuro.
fui eu, no presente, o único tempo que realmente existe, a única altura que realmente importa, o único momento que realmente interessa.
sou doido?
talvez, mas também já fiz coisas "piores".
arrependo-me?
de absolutamente nada.
quis fazê-lo e fiz. sem pensar, sem reflectir, sem planear. simplesmente, fui.
fui livre por momentos. livre de regras, livre de destinos, livre de um passado e de um futuro que mais não existem que não na nossa cabeça.
fui livre de amor, fui livre de sofrimento, fui livre de mim próprio...
e, por momentos, deixei de ser aquilo que esperam de mim, deixei de ser aquilo que eu próprio exijo de mim.
por momentos, fui sem o ser.


ps: o carro está na oficina.