segunda-feira, outubro 30, 2006

para ti, alexandrina!!!

pela primeira vez neste blog, vou tratar um assunto ério, sem muitas divagações sem qualquer sentido ou interesse.
assim, peço. desde já, desculpa oas meus leitores se este não é o tipo de texto a que vos habituei, mas peço que o leiam até ao fim. pode ser que fiquemos todos a aprender algo.
vou contar-vos uma história verídica e sem qualquer tipo de hipérboles características deste blog.
tenho uma amiga, lá no norte.
antes que se ponham a especular sobre o tipo de amiga a que me refiro, apenas vos digo que lhe confiaria a minha vida sem pensar duas vezes.
chama-se alexandrina, estuda gestão, gosta de se divertir, tem cancro.
é precisamente sobre o seu cancro, leucemia, na verdade, que eu quero falar.
quando era pequenoo, sempre ouvi a minha mãe e a minha avó a falarem das pessoas que conheciam e que tinham cancro. chamavam-lhe "cancer" para ser ma palavra mais bonita, sem aquela conotação negativa de uma doença que nos destrói.
eu não o vou fazer. a alexandrina tem cancro, uma espécie de cancro, tão mortal como as outras, tão desgastante como as outras.
eu e a drina nunca fomos daqueles amigos que estavam sempre juntos, nem que falavam só por falar.
cada vez que nós falamos, tem sempre um sentido, um propósito que a muitos mortais será difícil de compreender.
tlvez por isso, não estranhei que a drina tivesse tanto tempo sem dar notícias. é assim que nós funcionamos, mas também foi com um choque que recebo uma mensagem dela em que me diz que está no hospital, no instituto português de oncologia do porto, para ser mais exacto, com leucemia. anda me lembro de receber essa mensagem. estava, naquele momeno, a assinar o contrato de arrendamento da minha quinta casa, em lisboa. perguntei-lhe onde estava e disse-lhe que no dia seguinte, estaria no porto, para estar com ela.
de facto, assim aconteceu, mas fiz uma pequena asneira pessoal: quando lhe perguntei quando tinha sido internada, respondeu-me ela que tinha sido a 27 de junho. na minha pressa de chegar, nem li bem a mensagem e entendi que tinha sido a 27 de julho.
assim, quando cheguei ao porto, no dia seguinte, depois de umas infracções do código da estrada (é o que dá adorar oporto, mas não aparecer lá vezes suficientes para me lembrar dos caminhos), entrei no ipo.
prguntei onde poderia encontrar uma florista. responderam-me que não havia. "idiotas" pensei eu, que nem uma florista tinham no raio do hospital. "fiz 400 kms para chegar ao minho e mais 100 para chegar até ela. o mínimo que poderiam fazer, era ter o raio de uma florista no hospital". é claro que não me deixei demover por toda aquela incompetência. antes de entrar, fui ao jardim e colhi umas flores que para lá cresciam. sabia lá a merda que eu estava a fazer. felizmente. fui travado, pela drina, de lhas entregar. mas nisso, tratarei mais à frente. afinal de cintas, que sou estúpido o suficiente para levar flores com bactérias a uma pessoa que não tem qualquer tipo de sistema imunológico, vocês já sabem que sou.
mas continuando, quando cheguei ao piso onde ela estava,reparei que a diferença de datas que eu não tinha reparado fez toda a diferença. lembro-me de ter entrado naquele quarto e pensar qu me tinha enganado. mal ento, no meio daquela sala de seis camas, todas ocupadas, ter visto seis mulheres, todas com uma máscara na cara e nenhuma com cabelo, admito que me assustei. procurei a drina e não reconheci ninguém. virei as costas e já estava a sair quando alguém me chamou. olhei para trás e, admiti que me assustei quando, via drina. sinceramente, fiquei assustado por aquela rapariga de cabeça careca e máscara na cara me ter chamado e ter reparado que era a minha amiga. não que não soubesse como são as coisas nestes casos, mas como tinha entendido mal a mensagem, não sabia que já estava naquela fase. admito que não era como me lembrava dela. a drina, além de uma personalidade fantástica, tinha, e voltrá a ter, estou certo disso, uns cabelos compridos como poucas raparigas usam. pretos e caídos sobre as costas, que sempre lhe ficaram muito bem, e era esta a imagem que eu tinha dela. naquele momento, não era isso que via e assustei-me, apenas porque não estava à espera.
ela chamou-me e eu não sabia bem como reagir. toda a gente que me conhece sabe que o meu humor é sarcástico e ,naquele momento, não me parecia muito boa ideia brincar com a situação, mas foi o que aconteceu. depois do choque inicial, do qual te peço desculpa, alexandrina, por nãp ter conseguido lidar com a situação como esperava, vi que era a minha amiga de sempre, a pessoa com quem sempre pude falar de tudo, principalmente nos momentos menos bons da minha vida. era a mesma, o mesmo sorriso por detrás da máscara, o mesmo humor, mesmo no sítio onde estávamos.
vi, nesse dia que nada na nossa amizade mudou. afinal de contas, porque haveria de mudar? mas também é verdade que, quando uma pessoa está doente, as pessoas tendem a mudar o seu comportamento. a drina mostrou-me que isso não era uma coisa necessária. TUDO ESTA
VA NA MESMA E DEMOS AS MESMAS RISADAS QUE SEMPRE DEMOS. agradeço-te por isso, alexandrina. por me mostrares que nada mudou. depois dessa visita, as coisa continuaram como sempre foram.
por outro lado, não foi o mesmo para ela. sei que as coisas não tem sido facéis para ti. no percurso desta viagem de seis meses de tratamento, que ainda não esão para acabar, a drina já perdeu amigos, um ano de faculdade e o namorado, aquele que supostamente, estaria sempre lá para ela. afinal de contas, é isso que se espera das pessoas que amamos. não foi o que aconteceu.
contudo, apesar destas adversidades, a minha grande amiga alexandrina, continua a lutar, continua a viver, continua a acreditar na minha vida e, acima de tudo, aquilo que eu prezo comtudo o que tenho, continua a ser minha amiga. ela continua a acreditar no futuro e vai lutar para vencer uma doença grave. aquilo que ela me disse foi que "agora dá valor às pequenas coisas. ao convivio com os amigos, às saídas até ao cinema, aos simples fins-de-tarde".
ela continua a lutar e a acreditar, e ,por isso, continuo eu a acreditar nela.
sinceramente, já nem sei se este post é sobre a alexandrina, ou sobre todos nós, mas daqui tiro uma lição que gostava de vos transmitir a todos que leem este blog: "NÃO SE DEIXEM IR ABAIXO PELAS COISINHAS DA VIDA, POIS, POUCOS E NÓS TEM PROBLEMAS A SÉRIO. AVIDA É UMA DÁDIVA QUE NÃO DEVEMOS ESGOTAR EM COISAS MESQUINHAS".
alexandrina, este post seria suposto contar a tua históriae espero que o comentes com as necessárias palavras que só tu puderás dizer.
quanto aos outos, espero que aprendam que vida é muito mais do que temos à frente e esqueçam as coisas pequenas da vida e aprendam a ser felizes com o que temos. que o exemplo da minha AMIGA vos sirva de lição. sejam felizes, apesar da vida...

quarta-feira, outubro 25, 2006

tempo

o tempo é, sem sombra de duvida, o nosso pior inimigo. quer dizer, se bão contarmos com a própria pessoa e com os seus inimigos.
o tempo é um senhor feudal, um esclavagista, um oportunista e nós somos seus servos, seus escravos, seu leito matrimonial onde lhe fazemos as suas vontades.
este é um post de resignação. afinal de contas, contra os nossos outros inimigos, existem sempre formas de os vencer, de os levar ao cansaço, de os humilhar e de os fazer sentir na pele a merda de pessoa que são. já o tempo vence sempre.
podemos até chegar atrasados a qualquer sítio, mas o filme já começou. o tempo venceu. podemos ir até ao bar porque estamos cheios de fome, mas já o professor nos marcou falta porque o relógio dele é soberano. o tempo vence de novo. podemos até fazer directas, sentirmo-nos mais jovens que nunca, mas as rugas aparecem, assim como o reumatismo e um eventual ataque cardiaco. isto é a forma do tempo nos dize que já passamos do prazo de validade e já é altura de deixarmos espaço aos mais novos que võ cometer os mesmos erros que nós. o tempo volta a vencer e, desta vez, o round final.
é impossível lutar contra o tempo. ele não nos dá descanso e é sob as suas regras que vivemos.
depois, em defesa do tempo, existe um grande aliado: nada mais, nada menos que a sociedade, o sistema e o direito.
assim, não se vale a pena lutar contra o tempo. o melhor que temos a fazer é usá-lo porque o cinema vai continuar a não esperar por ninguém, o assistente vai continuar a marcar a falta e o nosso patrão só não nos vai continuar a despedir porque só trabalharemos para ele uma vez,.
não lutem contra o tempo porque é feio e não leva a lado nenhum.
cheguem a horas e façam todo o mundo feliz.

quarta-feira, outubro 18, 2006

r.i.p.


hoje, durante uma aula de penal, entre a definição kantiana de pena e a contagem das lâmpadas existentes no anfiteatro 6, que são 82 , se não contarmos com as de emegência, das quais 44 estavavam desligadas, só a título de curiosidade, ocorreu-me um certo pensamento sobre a morte. talvez acontecesse porque me sentia na obrigação moral de acabar de vez com a minha vida a ter que ouvir a senhora a dissertar sobre kant, deus e uma ilha onde se iriam executar os condenados porque tinha de ser.
ora bem, se pensarmos um bocadinho, a morte não é mais que uma fase da nossa... vida. pode ser a última, mas, mesmo assim, é apenas uma fase.
já todos nós tivemos experiências com a morte, seja a de alguém que conhecemos, o caixão que já tivemos de carregar ou, simplesmente, andar de carro com qualquer amigo nosso que, de tanto álcool ingerido, quase nos manda de volta ao criador porque as luzes que vinham ontra nós não eram, necessáriamente, anjos mas um camião prontinho para nos passar por cima.
a morte é uma coisa normalíssima e acontece, até, nas melhores famílias.
se temos consciência da morte, do nosso estado putrefacto e mal-cheiroso, isso é outra conversa que para aí não estou, hoje, virado.
a grande piada que eu acho na nossa morte é o facto que, uma vez consumada, é a única altura da nossa vida que somos realmente, e perdoem-me a redundância, grandes.
senão vejamos: em certas culturas, não muitos distantes da nossa, coma irlandesa, é costume que se faça uma grande festa no velório. as pessoas comem, bebem, dançam ao lado, à volta e ,por vezes, em cima do morto.
nós fazemos exactamente o mesmo, se bem que em moldes um pouco mais contidos. podemos não dançar à volta do de cujus, mas conseguimos enaltecê-lo de uma tal forma que até dá gosto estar morto.
a morte passa sempre pelas cerimónias e pelos discursos. sejam estes do padre, dos amigos, do amante da mulher, que até pode ser um dos melhores amigos do finado, a verdade é que vão todos dizer coisas muito agradáveis de se ouvir. não interessa que sejam verdade, interessa que sejam ditas pois o gajo morreu e já não se pode falar mal.
exemplos disto, já os vi e ninguém me contou. "um bom homem, amigo do seu amigo, fiel à mulher e um pai dedicado que nunca negligenciou nada para com a sua família, ou, mesmo para os desgraçados que encontrou pela frente. sério como todos deviam ser e puro como apenas alguns almejam". GANDA TRETA. os padres devem ter o mesmo discurso-padrão para todos os funerais pois oiço sempre a mesma coisa quando, de facto, o gajo batia a todas as horas na mulher, era um bêbado de primeira, perdão,alcoólico, dava coça nos filhos, estava desempregado e está morto porque apanhou um balázio na cabeça a tentar assaltar a mercearia da ti marquinhas para ir ao tasco beber mais um copinho de tinto.
mas é claro que nestas situações fica mal dizer a verdade e, assim sendo, passamos a ser a melhor pessoa do mundo, talvez porque já não fazemos cá falta.
depois desta conversa toda, até tento imaginar o que dirão, um dia, de mim, e ,a única coisa que me deixa triste para quando chegar a minha hora, é mesmo o facto de não poder ouvir os falsos elogios que me vão fazer,ver as falsas lágrimas no canto do olho de toda a gente quando, ao fim e ao cabo, querem é despachar a coisa porque o jogo começa às 7...

segunda-feira, outubro 16, 2006

o regresso

ano novo, vida nova, as mesmas merdas de sempre.
arranjei boa forma de começar o ano , ou seja, a faltar às aulas porque haviam outros compromissos para serem honrados.
contudo, hoje decidi que já há muito tempo que não me passeava por aqueles anfiteatros com um livro debaixo dos braços para dar a leve impressão que até vou às teóricas.
bem, deixei-me dormir, chuva lá fora e uma hora para conseguir fazer três quilometros... de carro.
bem, não posso dizer que comecei o ano da melhor forma. porém, o benfica, quando ganha campeonatos, também começa sempre com o "pé esquerdo".
não deixei de sentir, contudo, uma sensação estranha de voltar a um sítio onde todos me conhecem e onde eu conheço quase todos.
não sei se serão as novas aulas, as novas turmas, as politiquices, os novos horários ou, simplesmente, o facto de já não estar lá há já muito tempo.
é possivel que não seja nada, assim como pode ser uma total diferença de um ano para o outro. a questão é que me senti diferente.
mais uma coisa que pode ter ajudado, pode ter sido o facto de sair de casa debaixo de chuva. raios partam como este tempo me põe nostálgico. seria bem melhor se estivesse um dia de sol, mas não me parece que possa contar com isso.
os dias são de chuva, mas isso será bom, espero eu. afinal de contas, a minha mãezinha sempre me disse que "chuvinha traz nova vida" ou coisa parecida... assim, parece-me que a maré vai mudar, as coisas vão melhorar e novos desafios se vão erguer.
aviso já que tenho planos para esta época que se aproxima. só espero ter tempo para tudo.
também, se não tiver, não há grande problema. não durmo e está feito. afinal de contas, dormir é uma perda de tempo e, como não devo sobreviver até à reforma, descanso quando morrer.
curiosamente, a morte também é um bom tema para um post futuro, mas não para hoje.