pela primeira vez neste blog, vou tratar um assunto ério, sem muitas divagações sem qualquer sentido ou interesse.
assim, peço. desde já, desculpa oas meus leitores se este não é o tipo de texto a que vos habituei, mas peço que o leiam até ao fim. pode ser que fiquemos todos a aprender algo.
vou contar-vos uma história verídica e sem qualquer tipo de hipérboles características deste blog.
tenho uma amiga, lá no norte.
antes que se ponham a especular sobre o tipo de amiga a que me refiro, apenas vos digo que lhe confiaria a minha vida sem pensar duas vezes.
chama-se alexandrina, estuda gestão, gosta de se divertir, tem cancro.
é precisamente sobre o seu cancro, leucemia, na verdade, que eu quero falar.
quando era pequenoo, sempre ouvi a minha mãe e a minha avó a falarem das pessoas que conheciam e que tinham cancro. chamavam-lhe "cancer" para ser ma palavra mais bonita, sem aquela conotação negativa de uma doença que nos destrói.
eu não o vou fazer. a alexandrina tem cancro, uma espécie de cancro, tão mortal como as outras, tão desgastante como as outras.
eu e a drina nunca fomos daqueles amigos que estavam sempre juntos, nem que falavam só por falar.
cada vez que nós falamos, tem sempre um sentido, um propósito que a muitos mortais será difícil de compreender.
tlvez por isso, não estranhei que a drina tivesse tanto tempo sem dar notícias. é assim que nós funcionamos, mas também foi com um choque que recebo uma mensagem dela em que me diz que está no hospital, no instituto português de oncologia do porto, para ser mais exacto, com leucemia. anda me lembro de receber essa mensagem. estava, naquele momeno, a assinar o contrato de arrendamento da minha quinta casa, em lisboa. perguntei-lhe onde estava e disse-lhe que no dia seguinte, estaria no porto, para estar com ela.
de facto, assim aconteceu, mas fiz uma pequena asneira pessoal: quando lhe perguntei quando tinha sido internada, respondeu-me ela que tinha sido a 27 de junho. na minha pressa de chegar, nem li bem a mensagem e entendi que tinha sido a 27 de julho.
assim, quando cheguei ao porto, no dia seguinte, depois de umas infracções do código da estrada (é o que dá adorar oporto, mas não aparecer lá vezes suficientes para me lembrar dos caminhos), entrei no ipo.
prguntei onde poderia encontrar uma florista. responderam-me que não havia. "idiotas" pensei eu, que nem uma florista tinham no raio do hospital. "fiz 400 kms para chegar ao minho e mais 100 para chegar até ela. o mínimo que poderiam fazer, era ter o raio de uma florista no hospital". é claro que não me deixei demover por toda aquela incompetência. antes de entrar, fui ao jardim e colhi umas flores que para lá cresciam. sabia lá a merda que eu estava a fazer. felizmente. fui travado, pela drina, de lhas entregar. mas nisso, tratarei mais à frente. afinal de cintas, que sou estúpido o suficiente para levar flores com bactérias a uma pessoa que não tem qualquer tipo de sistema imunológico, vocês já sabem que sou.
mas continuando, quando cheguei ao piso onde ela estava,reparei que a diferença de datas que eu não tinha reparado fez toda a diferença. lembro-me de ter entrado naquele quarto e pensar qu me tinha enganado. mal ento, no meio daquela sala de seis camas, todas ocupadas, ter visto seis mulheres, todas com uma máscara na cara e nenhuma com cabelo, admito que me assustei. procurei a drina e não reconheci ninguém. virei as costas e já estava a sair quando alguém me chamou. olhei para trás e, admiti que me assustei quando, via drina. sinceramente, fiquei assustado por aquela rapariga de cabeça careca e máscara na cara me ter chamado e ter reparado que era a minha amiga. não que não soubesse como são as coisas nestes casos, mas como tinha entendido mal a mensagem, não sabia que já estava naquela fase. admito que não era como me lembrava dela. a drina, além de uma personalidade fantástica, tinha, e voltrá a ter, estou certo disso, uns cabelos compridos como poucas raparigas usam. pretos e caídos sobre as costas, que sempre lhe ficaram muito bem, e era esta a imagem que eu tinha dela. naquele momento, não era isso que via e assustei-me, apenas porque não estava à espera.
ela chamou-me e eu não sabia bem como reagir. toda a gente que me conhece sabe que o meu humor é sarcástico e ,naquele momento, não me parecia muito boa ideia brincar com a situação, mas foi o que aconteceu. depois do choque inicial, do qual te peço desculpa, alexandrina, por nãp ter conseguido lidar com a situação como esperava, vi que era a minha amiga de sempre, a pessoa com quem sempre pude falar de tudo, principalmente nos momentos menos bons da minha vida. era a mesma, o mesmo sorriso por detrás da máscara, o mesmo humor, mesmo no sítio onde estávamos.
vi, nesse dia que nada na nossa amizade mudou. afinal de contas, porque haveria de mudar? mas também é verdade que, quando uma pessoa está doente, as pessoas tendem a mudar o seu comportamento. a drina mostrou-me que isso não era uma coisa necessária. TUDO ESTA
VA NA MESMA E DEMOS AS MESMAS RISADAS QUE SEMPRE DEMOS. agradeço-te por isso, alexandrina. por me mostrares que nada mudou. depois dessa visita, as coisa continuaram como sempre foram.
por outro lado, não foi o mesmo para ela. sei que as coisas não tem sido facéis para ti. no percurso desta viagem de seis meses de tratamento, que ainda não esão para acabar, a drina já perdeu amigos, um ano de faculdade e o namorado, aquele que supostamente, estaria sempre lá para ela. afinal de contas, é isso que se espera das pessoas que amamos. não foi o que aconteceu.
contudo, apesar destas adversidades, a minha grande amiga alexandrina, continua a lutar, continua a viver, continua a acreditar na minha vida e, acima de tudo, aquilo que eu prezo comtudo o que tenho, continua a ser minha amiga. ela continua a acreditar no futuro e vai lutar para vencer uma doença grave. aquilo que ela me disse foi que "agora dá valor às pequenas coisas. ao convivio com os amigos, às saídas até ao cinema, aos simples fins-de-tarde".
ela continua a lutar e a acreditar, e ,por isso, continuo eu a acreditar nela.
sinceramente, já nem sei se este post é sobre a alexandrina, ou sobre todos nós, mas daqui tiro uma lição que gostava de vos transmitir a todos que leem este blog: "NÃO SE DEIXEM IR ABAIXO PELAS COISINHAS DA VIDA, POIS, POUCOS E NÓS TEM PROBLEMAS A SÉRIO. AVIDA É UMA DÁDIVA QUE NÃO DEVEMOS ESGOTAR EM COISAS MESQUINHAS".
alexandrina, este post seria suposto contar a tua históriae espero que o comentes com as necessárias palavras que só tu puderás dizer.
quanto aos outos, espero que aprendam que vida é muito mais do que temos à frente e esqueçam as coisas pequenas da vida e aprendam a ser felizes com o que temos. que o exemplo da minha AMIGA vos sirva de lição. sejam felizes, apesar da vida...