segunda-feira, fevereiro 12, 2007

podre


tenho saudades de casa. não são saudades daquelas em que queremos ver a família o mais depressa possível.
são, antes, aquelas saudades de quem se quer ir embora e começar uma nova vida.
não, não estou deprimido, não andoa beber para esquecer ou sequer a pensar em desistir do curso.
simplesmente, quando este acabar, apetece-me sair daqui, voltar às minhas origens e mudar de ambiente.
a minha terra é linda. sim, eu sei que é isso que toda a gente diz e que é só para passar férias porque não conseguimos viver longe de lisboa.
não é disso que falo. quero voltar lá para cima, quero trabalhar lá, viver lá, quem sabe, ser feliz por lá.
a esta hora, já não conheço ninguém por aquelas bandas. sabem que mais? óptimo, é mesmo isso que um gajo precisa para se poder recomeçar tudo.
quando ceguei cá, era um míudo. tinha sonhos e ambições.
bem, as ambições ainda cá estão. os sonhos é que se desvaneceram.
lisboa faz-nos disto. se, para além disso, andarmos na fdl, está o caldo todo entornado.
uma faculdade de direito, a melhor do país, com os melhores professores e com os melhores assistentes. não é assim que a vejo. a imagem que passam é exactamente isso: uma imagem, daquelas que se passam numa brochura de publicidade. mas não é assim que se passam as coisas. a ética, por lá, não existe. a diligência, muito menos, e todos confiam num nome que há muito está morto.
mas não posso culpar a faculdade. ela é, pura e simplesmente, um reflexo das pessoas que lhe dão vida. ela é o fruto de uma sociedade e a cara de uma gente. se a sociedade à sua volta não é melhor, porque raio havia de ser a faculdade uma ilha nesse mar de filha-da-putice?
não tem. ela é o fruto da sua época.
de facto, o meu problema não é com ela, nem com as suas gentes.
o meu problema é com este interminável ciclo em que os valores já não são atendidos, a ética não é respeitada e a lei não passa de uma trave que facílmente se levanta.
por isso me quero ir embora, antes que seja consumido por este sistema, antes que me faltem as forças para resistir, antes que me deixe deliciar por este sistema corrupto que neste idade habita.
quero-me pôr a milhas, para o meu bem. uero ir para um sítio mais simples, daqueles sítios onde as coisas ainda são como as vemos. é isso que eu quero.
acredito que este post ofenda muita gente. compreendo perfeitamente, mas não estou, sinceramente, peocupado com isso. afinal de contas, o blog é meu, assim como a opinião.
se não gostam, existe a caixa dos comments onde podem exercer o vosso direito do contraditório ou, ainda, o direito de não comentarem e presentear-me, assim, com a vossa indiferença. é-me igual.
agora, que esta cidade está podre, só não vê quem não quer, ou quem não lhe convém.

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