segunda-feira, novembro 27, 2006

inverno


chegou, oficialmente, a estação das chuvas.
cheias em todo o lado, casas inundadas, carros submersos e as pessoas começam a utilizar transportes alternativos, nomeadamente, barquinhos de borracha- afinal de contas, ter cedido à birra do puto, nas férias grandes, até compensou.quer dizer, um gajo chega todo molhado ao emprego, mas ao menos não nada até lá...
nesta altura, a pior coisa que se pode fazer é, decididamente, andar de guarda-chuva. sem contar com a chatice de se molhar tudo por onde passamos, acabamos sempre por perdê-lo, já nem se sabe onde. depois, há a pequena chatice de nunca nos proteger da chuva: coisa para a qual foi... criado.
não obstante, eu gosto desta altura do ano. "bolas, este gajo não deve bater bem dos cornos" dirão vocês, meu público. se calhar, até com razão, mas gosto.
antes de mais, desisti de andar com guarda-chuva. sim, chego sempre todo molhado, mas isso não é, necessáriamente mau. afinal de contas, com os horários a que um gajo anda sujeito, não faz nada mal uma aguazinha nas "bentas" para acordar.
depois, existe sempre aquele ritual de renovação, de limpeza e até de lazer. quem é que nunca andou a dançar à chuva, só por andar?
é divertido, meus caros. experimentem.
uma das coisas que me leva a gostar desta época é a total ausência de suor. tudo bem, andamos todos molhados na mesma, mas, ao menos, não cheiramos mal.
contudo, uma das coisas que mais me agrada no inverno, é a possibilidade de ficar em casa, no quentinho, sem sentimentos de remorso por não sair de casa sujeitos a panhar uma chuvada. é nesse quentinho que podem acontecer coisas mágicas ou, pelo menos, agradáveis.
provavelmente, não estoua conseguir convencer ninguém. tudo bem, também não é esse o meu objectivo.
mas que gosto do inverno, da chuva, do frio e até do vento a bater-me na cara, isso gosto.

sábado, novembro 25, 2006

bond, o sacana do bond...


fui, hoje, ao cinema.
ver o novo bond e dizer de minha justiça.
sem querer parecer um crítico de cinema, odiei.
o filme não está enquadrado e o daniel craig, apesar de lhe querer dar o benefício da dúvida, é uma porcaria como 007.
"olha mais um dos saudosistas" dirão alguns. não é bem verdade, apesar de preferir os clássicos.
o meu problema é com o enquadramento do filme. ele torna-se um "00". tudo bem, não se ia fazer um filme retro, mas há coisas que não se podem deixar passar. nomeadamente, não sei se alguém alguma vez reparou mas, o primeiro m era um homem, james bond é um homem sarcástico. tipo, talvez fosse bom que daniel craig dissesse alguma piada no filme. quer dizer, já era bom que falasse, de vez em quando.
mas tudo bem, o filme é uma merda e só vai ser apreciado por quem não conhece o verdadeiro bond.
contudo, agora afastando-me um pouco da péssima escolha do actor, do enredo e deste filme em geral, há algo na personagem de bond que cativa toda a gente. bem, toda a gente, não. mas, seguramente, cativa todos os homens.
é porque, de facto, todos nós queríamos ser como ele: um gajo bem parecido, com fundos sempre à sua disposição, os melhores carros, as melhores mulheres e, sempre que estivesse farto do engate, lá se matava alguém e se salvava o mundo de novo.
parece ser uma vida divertida, esta de mistério, perigo e classe, muita classe.
mas, apesar de todas estas caracteristcas de bond que fazem inveja a todos os homens, existe uma qualidade que nos faz ficar ainda mais vermelhos: é que ele faz tudo isso e deixa-nos a ideia de que é fácil.
"bond, james bond", vodka-martini, conhece o mau da fita, vai atrás do mau da fita, come a mulher do mau da fita, come a míuda gira que até é a boazinha da fita, mata o mau da fita, volta a petiscar, a boa e a má, e vai para casa descansar um bocadinho antes de ir para o engate.
é esta facilidade que chateia os homens. afinal de contas, até podemos engatar uma míuda jeitosa e "get lucky tonight", mas não acontece todos os dias. até podemos sacar uma mulher casada, mas quais são as probabilidades de sacar a mulher casada com um todo-poderoso senhorcom um plano para se apoderar do mundo? pois é, não é assim tão fácil como parece.
bem, até é, mas para o bond porque nós não temos essa sorte.
de facto, começo a ver porque é que esta personagem é tão queridapelos homens: porque nos permite sonhar com uma vida mais excitante que a nossa,com perigo, sem ligações fortes, sem ter que telefonar no dia seguinte.
bond é bond e nós não somos bond. gostaríamos de ser, mas não somos.
talvez seja melhor assim, não sei. fica ao vosso critério.

sábado, novembro 11, 2006


há coisas que acabámos or nunca dizer. às vezes acontece porue jánão há tempo, outras porque não se inserem no contexto, outras porque, simplemente, não nos quiseram ouvir.

o problema com estas situações é que continuamos com vontade de as dizer, por muito descabidas que possam parecer se as dissermos quando já não alem a pena.

ocorre-me uma situação para dar de exemplo: acaba-se uma relação, as comadres chateiam-se, dizem tud aquilo quepode magoar a outra parte, mas não dizem nada acerca daquela situação que, por parecer pequena, na altura, nem era digna de se suscitar.

depois, as pessoas andam para a frente, cicatrizam as feridas e voltam a ser felizes, ou tentam, ao menos.

espero que os meus leitores não pensem que este post é uma confissão de arrependimento por não poder voltar atrás. não é nada disso que se trata. o facto é que, apesar das pessoas seguirem em frente, de tentarem, ou conseguirem ser felizes, há-de haver sempre algo que lhes lembre daquela outra pessoa. não digo que isso seja mau. afinal de contas, se estivemos com alguém, então, fizémo-lo porque essa pessoa era, a nosso ver, especial e é natural que nos deixe lembranças, recordações de momentos bons e momntos maus. se não deixasse, isso sim, seria muito preocupante.

assim, chegamos à conclusão que é bom ter sempre essas recordações conosco, quantomais não seja, para não voltarmos a fazer os mesmos erros do passado.

o grande problema é quando temos, na mente, a recordação daquilo que sempre quizemos dizer, mas não chegamos a ter essa oportunidade de poder expôr tudo aquilo que nos estava a incomodar. é mau pois, cada vez que nos lembramos dessa pessoa, aprimeira, e às vezes, única coisa que nos vem à cabeça, é aquele pequeno assunto que não tinha sentido nenhum, aquele pequeno defeito que tanto nos saltava à vista, mas parecia não existir para os outros.

eu confesso que tenho alguma coisa para dizer e isso está a dar comigo em doido. muito provavelmente, toda a gente que estiver a ler este medíocre texto estará a pensar "o que raio tem este palerma para dizer?", "que coisa tão grave é que ele precisa de contar para dormir descansado?" ou ainda "mas que merda é esta? disseram-me que este blog era giro e diferente. este gajo devia estar internado na ala de psiquiatria...". bem, de facto, até nem é nada de importante. ninguém vai morrer por causa disto nem retirar uma grande lição de moral.

trata-se, simplesmente, de uma coisa que eu ando para dizer há uns bons dois anos e agora, vou dizê-lo, por muito deslocado darealidade que possa parecer, mesmo ao destinat´rio dessa declaração.

antes disso, convido, desde já, os meus leitores e todos aqueles que se encontrarem numa situação análoga à minha, que usem a caixa dos comments para deixar uma mensagem a todos aqueles que também vos deram uma dor de cabeça deste tipo.

então, para finalizar, aqui vai:

se estiveres a ler isto, saberás, concerteza, que é para ti (dessa forma, escuso de colocar nomes e invadir a esfera privada da pessoa). menti-te,dede aquela noite no bairro alto. na verdade, EU SEMPRE ODIEI AQUELAS TUAS BOTAS COR-DE-ROSA.

UFF, que alívio.

segunda-feira, outubro 30, 2006

para ti, alexandrina!!!

pela primeira vez neste blog, vou tratar um assunto ério, sem muitas divagações sem qualquer sentido ou interesse.
assim, peço. desde já, desculpa oas meus leitores se este não é o tipo de texto a que vos habituei, mas peço que o leiam até ao fim. pode ser que fiquemos todos a aprender algo.
vou contar-vos uma história verídica e sem qualquer tipo de hipérboles características deste blog.
tenho uma amiga, lá no norte.
antes que se ponham a especular sobre o tipo de amiga a que me refiro, apenas vos digo que lhe confiaria a minha vida sem pensar duas vezes.
chama-se alexandrina, estuda gestão, gosta de se divertir, tem cancro.
é precisamente sobre o seu cancro, leucemia, na verdade, que eu quero falar.
quando era pequenoo, sempre ouvi a minha mãe e a minha avó a falarem das pessoas que conheciam e que tinham cancro. chamavam-lhe "cancer" para ser ma palavra mais bonita, sem aquela conotação negativa de uma doença que nos destrói.
eu não o vou fazer. a alexandrina tem cancro, uma espécie de cancro, tão mortal como as outras, tão desgastante como as outras.
eu e a drina nunca fomos daqueles amigos que estavam sempre juntos, nem que falavam só por falar.
cada vez que nós falamos, tem sempre um sentido, um propósito que a muitos mortais será difícil de compreender.
tlvez por isso, não estranhei que a drina tivesse tanto tempo sem dar notícias. é assim que nós funcionamos, mas também foi com um choque que recebo uma mensagem dela em que me diz que está no hospital, no instituto português de oncologia do porto, para ser mais exacto, com leucemia. anda me lembro de receber essa mensagem. estava, naquele momeno, a assinar o contrato de arrendamento da minha quinta casa, em lisboa. perguntei-lhe onde estava e disse-lhe que no dia seguinte, estaria no porto, para estar com ela.
de facto, assim aconteceu, mas fiz uma pequena asneira pessoal: quando lhe perguntei quando tinha sido internada, respondeu-me ela que tinha sido a 27 de junho. na minha pressa de chegar, nem li bem a mensagem e entendi que tinha sido a 27 de julho.
assim, quando cheguei ao porto, no dia seguinte, depois de umas infracções do código da estrada (é o que dá adorar oporto, mas não aparecer lá vezes suficientes para me lembrar dos caminhos), entrei no ipo.
prguntei onde poderia encontrar uma florista. responderam-me que não havia. "idiotas" pensei eu, que nem uma florista tinham no raio do hospital. "fiz 400 kms para chegar ao minho e mais 100 para chegar até ela. o mínimo que poderiam fazer, era ter o raio de uma florista no hospital". é claro que não me deixei demover por toda aquela incompetência. antes de entrar, fui ao jardim e colhi umas flores que para lá cresciam. sabia lá a merda que eu estava a fazer. felizmente. fui travado, pela drina, de lhas entregar. mas nisso, tratarei mais à frente. afinal de cintas, que sou estúpido o suficiente para levar flores com bactérias a uma pessoa que não tem qualquer tipo de sistema imunológico, vocês já sabem que sou.
mas continuando, quando cheguei ao piso onde ela estava,reparei que a diferença de datas que eu não tinha reparado fez toda a diferença. lembro-me de ter entrado naquele quarto e pensar qu me tinha enganado. mal ento, no meio daquela sala de seis camas, todas ocupadas, ter visto seis mulheres, todas com uma máscara na cara e nenhuma com cabelo, admito que me assustei. procurei a drina e não reconheci ninguém. virei as costas e já estava a sair quando alguém me chamou. olhei para trás e, admiti que me assustei quando, via drina. sinceramente, fiquei assustado por aquela rapariga de cabeça careca e máscara na cara me ter chamado e ter reparado que era a minha amiga. não que não soubesse como são as coisas nestes casos, mas como tinha entendido mal a mensagem, não sabia que já estava naquela fase. admito que não era como me lembrava dela. a drina, além de uma personalidade fantástica, tinha, e voltrá a ter, estou certo disso, uns cabelos compridos como poucas raparigas usam. pretos e caídos sobre as costas, que sempre lhe ficaram muito bem, e era esta a imagem que eu tinha dela. naquele momento, não era isso que via e assustei-me, apenas porque não estava à espera.
ela chamou-me e eu não sabia bem como reagir. toda a gente que me conhece sabe que o meu humor é sarcástico e ,naquele momento, não me parecia muito boa ideia brincar com a situação, mas foi o que aconteceu. depois do choque inicial, do qual te peço desculpa, alexandrina, por nãp ter conseguido lidar com a situação como esperava, vi que era a minha amiga de sempre, a pessoa com quem sempre pude falar de tudo, principalmente nos momentos menos bons da minha vida. era a mesma, o mesmo sorriso por detrás da máscara, o mesmo humor, mesmo no sítio onde estávamos.
vi, nesse dia que nada na nossa amizade mudou. afinal de contas, porque haveria de mudar? mas também é verdade que, quando uma pessoa está doente, as pessoas tendem a mudar o seu comportamento. a drina mostrou-me que isso não era uma coisa necessária. TUDO ESTA
VA NA MESMA E DEMOS AS MESMAS RISADAS QUE SEMPRE DEMOS. agradeço-te por isso, alexandrina. por me mostrares que nada mudou. depois dessa visita, as coisa continuaram como sempre foram.
por outro lado, não foi o mesmo para ela. sei que as coisas não tem sido facéis para ti. no percurso desta viagem de seis meses de tratamento, que ainda não esão para acabar, a drina já perdeu amigos, um ano de faculdade e o namorado, aquele que supostamente, estaria sempre lá para ela. afinal de contas, é isso que se espera das pessoas que amamos. não foi o que aconteceu.
contudo, apesar destas adversidades, a minha grande amiga alexandrina, continua a lutar, continua a viver, continua a acreditar na minha vida e, acima de tudo, aquilo que eu prezo comtudo o que tenho, continua a ser minha amiga. ela continua a acreditar no futuro e vai lutar para vencer uma doença grave. aquilo que ela me disse foi que "agora dá valor às pequenas coisas. ao convivio com os amigos, às saídas até ao cinema, aos simples fins-de-tarde".
ela continua a lutar e a acreditar, e ,por isso, continuo eu a acreditar nela.
sinceramente, já nem sei se este post é sobre a alexandrina, ou sobre todos nós, mas daqui tiro uma lição que gostava de vos transmitir a todos que leem este blog: "NÃO SE DEIXEM IR ABAIXO PELAS COISINHAS DA VIDA, POIS, POUCOS E NÓS TEM PROBLEMAS A SÉRIO. AVIDA É UMA DÁDIVA QUE NÃO DEVEMOS ESGOTAR EM COISAS MESQUINHAS".
alexandrina, este post seria suposto contar a tua históriae espero que o comentes com as necessárias palavras que só tu puderás dizer.
quanto aos outos, espero que aprendam que vida é muito mais do que temos à frente e esqueçam as coisas pequenas da vida e aprendam a ser felizes com o que temos. que o exemplo da minha AMIGA vos sirva de lição. sejam felizes, apesar da vida...

quarta-feira, outubro 25, 2006

tempo

o tempo é, sem sombra de duvida, o nosso pior inimigo. quer dizer, se bão contarmos com a própria pessoa e com os seus inimigos.
o tempo é um senhor feudal, um esclavagista, um oportunista e nós somos seus servos, seus escravos, seu leito matrimonial onde lhe fazemos as suas vontades.
este é um post de resignação. afinal de contas, contra os nossos outros inimigos, existem sempre formas de os vencer, de os levar ao cansaço, de os humilhar e de os fazer sentir na pele a merda de pessoa que são. já o tempo vence sempre.
podemos até chegar atrasados a qualquer sítio, mas o filme já começou. o tempo venceu. podemos ir até ao bar porque estamos cheios de fome, mas já o professor nos marcou falta porque o relógio dele é soberano. o tempo vence de novo. podemos até fazer directas, sentirmo-nos mais jovens que nunca, mas as rugas aparecem, assim como o reumatismo e um eventual ataque cardiaco. isto é a forma do tempo nos dize que já passamos do prazo de validade e já é altura de deixarmos espaço aos mais novos que võ cometer os mesmos erros que nós. o tempo volta a vencer e, desta vez, o round final.
é impossível lutar contra o tempo. ele não nos dá descanso e é sob as suas regras que vivemos.
depois, em defesa do tempo, existe um grande aliado: nada mais, nada menos que a sociedade, o sistema e o direito.
assim, não se vale a pena lutar contra o tempo. o melhor que temos a fazer é usá-lo porque o cinema vai continuar a não esperar por ninguém, o assistente vai continuar a marcar a falta e o nosso patrão só não nos vai continuar a despedir porque só trabalharemos para ele uma vez,.
não lutem contra o tempo porque é feio e não leva a lado nenhum.
cheguem a horas e façam todo o mundo feliz.

quarta-feira, outubro 18, 2006

r.i.p.


hoje, durante uma aula de penal, entre a definição kantiana de pena e a contagem das lâmpadas existentes no anfiteatro 6, que são 82 , se não contarmos com as de emegência, das quais 44 estavavam desligadas, só a título de curiosidade, ocorreu-me um certo pensamento sobre a morte. talvez acontecesse porque me sentia na obrigação moral de acabar de vez com a minha vida a ter que ouvir a senhora a dissertar sobre kant, deus e uma ilha onde se iriam executar os condenados porque tinha de ser.
ora bem, se pensarmos um bocadinho, a morte não é mais que uma fase da nossa... vida. pode ser a última, mas, mesmo assim, é apenas uma fase.
já todos nós tivemos experiências com a morte, seja a de alguém que conhecemos, o caixão que já tivemos de carregar ou, simplesmente, andar de carro com qualquer amigo nosso que, de tanto álcool ingerido, quase nos manda de volta ao criador porque as luzes que vinham ontra nós não eram, necessáriamente, anjos mas um camião prontinho para nos passar por cima.
a morte é uma coisa normalíssima e acontece, até, nas melhores famílias.
se temos consciência da morte, do nosso estado putrefacto e mal-cheiroso, isso é outra conversa que para aí não estou, hoje, virado.
a grande piada que eu acho na nossa morte é o facto que, uma vez consumada, é a única altura da nossa vida que somos realmente, e perdoem-me a redundância, grandes.
senão vejamos: em certas culturas, não muitos distantes da nossa, coma irlandesa, é costume que se faça uma grande festa no velório. as pessoas comem, bebem, dançam ao lado, à volta e ,por vezes, em cima do morto.
nós fazemos exactamente o mesmo, se bem que em moldes um pouco mais contidos. podemos não dançar à volta do de cujus, mas conseguimos enaltecê-lo de uma tal forma que até dá gosto estar morto.
a morte passa sempre pelas cerimónias e pelos discursos. sejam estes do padre, dos amigos, do amante da mulher, que até pode ser um dos melhores amigos do finado, a verdade é que vão todos dizer coisas muito agradáveis de se ouvir. não interessa que sejam verdade, interessa que sejam ditas pois o gajo morreu e já não se pode falar mal.
exemplos disto, já os vi e ninguém me contou. "um bom homem, amigo do seu amigo, fiel à mulher e um pai dedicado que nunca negligenciou nada para com a sua família, ou, mesmo para os desgraçados que encontrou pela frente. sério como todos deviam ser e puro como apenas alguns almejam". GANDA TRETA. os padres devem ter o mesmo discurso-padrão para todos os funerais pois oiço sempre a mesma coisa quando, de facto, o gajo batia a todas as horas na mulher, era um bêbado de primeira, perdão,alcoólico, dava coça nos filhos, estava desempregado e está morto porque apanhou um balázio na cabeça a tentar assaltar a mercearia da ti marquinhas para ir ao tasco beber mais um copinho de tinto.
mas é claro que nestas situações fica mal dizer a verdade e, assim sendo, passamos a ser a melhor pessoa do mundo, talvez porque já não fazemos cá falta.
depois desta conversa toda, até tento imaginar o que dirão, um dia, de mim, e ,a única coisa que me deixa triste para quando chegar a minha hora, é mesmo o facto de não poder ouvir os falsos elogios que me vão fazer,ver as falsas lágrimas no canto do olho de toda a gente quando, ao fim e ao cabo, querem é despachar a coisa porque o jogo começa às 7...

segunda-feira, outubro 16, 2006

o regresso

ano novo, vida nova, as mesmas merdas de sempre.
arranjei boa forma de começar o ano , ou seja, a faltar às aulas porque haviam outros compromissos para serem honrados.
contudo, hoje decidi que já há muito tempo que não me passeava por aqueles anfiteatros com um livro debaixo dos braços para dar a leve impressão que até vou às teóricas.
bem, deixei-me dormir, chuva lá fora e uma hora para conseguir fazer três quilometros... de carro.
bem, não posso dizer que comecei o ano da melhor forma. porém, o benfica, quando ganha campeonatos, também começa sempre com o "pé esquerdo".
não deixei de sentir, contudo, uma sensação estranha de voltar a um sítio onde todos me conhecem e onde eu conheço quase todos.
não sei se serão as novas aulas, as novas turmas, as politiquices, os novos horários ou, simplesmente, o facto de já não estar lá há já muito tempo.
é possivel que não seja nada, assim como pode ser uma total diferença de um ano para o outro. a questão é que me senti diferente.
mais uma coisa que pode ter ajudado, pode ter sido o facto de sair de casa debaixo de chuva. raios partam como este tempo me põe nostálgico. seria bem melhor se estivesse um dia de sol, mas não me parece que possa contar com isso.
os dias são de chuva, mas isso será bom, espero eu. afinal de contas, a minha mãezinha sempre me disse que "chuvinha traz nova vida" ou coisa parecida... assim, parece-me que a maré vai mudar, as coisas vão melhorar e novos desafios se vão erguer.
aviso já que tenho planos para esta época que se aproxima. só espero ter tempo para tudo.
também, se não tiver, não há grande problema. não durmo e está feito. afinal de contas, dormir é uma perda de tempo e, como não devo sobreviver até à reforma, descanso quando morrer.
curiosamente, a morte também é um bom tema para um post futuro, mas não para hoje.

quinta-feira, agosto 10, 2006

férias??????

que diz que vai de férias para descansar, não sabe mesmo do que fala.
não que não goste de ter férias, apenas não descanso, tal e qual, quando trabalho.
para aqueles que não acreditam, é fácil de perceber: dormimos até mais tarde, mas dormimos menos pois estamos de férias e os copos lá esperam pelo pessoal-por falar nisso,a ver se não me esqueço de avisar o pessoal que sábado vai ser de caixão à cova e só devo encontrar o caminho para casa lá para segunda à tardinha. "sim, pois, os copos cansam, mas é só isso..." dirão alguns, mas não é bem verdade. quer dizer, há que ganhar um pouco de bronze para que o pessoal não pense que ficamos o verão inteiro fechados em casa ou,ainda, livre-nos deus, de andar a trabalhar no verão. sim, porque muita gente trabalha no verão. o problema é que há aqueles empregos dos quais um gajo até gosta de se gabar, tipo "ya,este verão fui trabalhar numa daquelas discotecas maradas e ficava sempre bebado e comia uma gaja diferente por noite...". é claro que ele não come uma gaja diferente por noite, o que acontece é que o alcool não lhe permite ver que é sempre a mesma feiosa... mas pronto, sempre dá para se gabar um pouco. depois há aqueles empregos em que alguém só fala para que os outros sintam um pouco de pena e compaixão (note-se que passar-se por patético é uma práctica de engate usada por alguns e, às vezes, lá resulta) como, por exemplo, "ah, este verão, fui servir em casamentos e ganhar um dinheirinho que não me chega a nada. é que ando cheia de dívidas e tenho que me sujeitar. trabalho de sol a sol a servir, sem parar, aqueles idiotas que só comem e bebem e riem e estão tão felizes enquanto eu sou uma desgraçada infeliz que chega ao fim do dia com dores nas costas e sem me poder mexer...ai...ai".
há outros empregos de verão que podem não ser tão frutuosos como trabalhar na disco, ou tão desinteressantes que uma pessoa só ouve as queixas por pena. eu, trabalhei numa loja de roupa, por exemplo. tinha algum trabalho, mas diverti-me como tudo. ou se calhar, era mais o facto de ajudar as meninas a escolher os bikinis e a lingerie da ck que o tornava divertido.
agora que penso, ajudar as velhotas não era lá grande espada... espera...que estou eu a fazer?... miudas em bikini...miudas em bikini...ahh...agora sim,reprimi as outras recordações da loja e ficaram só as miudas em bikini... sim,trabalhar na loja de roupa foi muito fixe...
mas não era bem disto que eu queria falar. onde é que eu ia? ah,pois, trabalhar para o bronze.
bem, para trabalhar para o bronze há duas hipoteses: praia ou rio. em qualquer uma delas, não vamos ficar o dia todo deitados ao sol. há que dar umas braçadas e uns mergulhos para aliviar o calor e, acreditem, isso cansa.
não me vou adiantar muito mais nos exemplos de trabalho duro que fazemos nas férias, mas espero que percebam que isto de descansar fora do período de aulas, trabalho, narcotráfico, seja o que for, não é bem verdade.
e assim, cansado como estou, aqui vos desejo um bom resto de boas férias. espero que nos encontremos todos em setembro para descansar um pouco...

sábado, julho 22, 2006

momentos


"apenas damos valor ao que temos, quando a perdemos".
sempre me disseram isto. não sei bem porquê, mas a maioria das vezes que ouvia, não dava grande atenção. depois, havia momentos de solidão, de perda, de saudade, de lembrar o passado e no meu amâgo, começava a fazer sentido.
mas não é disso que se trata agora. de facto, nem tenho a certeza porque estou a dizer isto.
aliás, nem acabou nada para que eu esteja aqui a balbuciar, mas, embora não saiba bem porquê, hoje, sinto que perdi algo.
é um pensamento estranho se repararmos que não é uma coisa, ou uma pessoa, que alguma vez tivesse...tido, mas é este o sentimento.
espero que ela nunca venha a ler este post ou, pelo menos, que não saiba que dela falo, ou se calhar até espero, não sei.
é porque, de facto, nem eu sei o que é isto. só sei que a sequência dos eventos me levou a pensar nela e a sentir que a perdi quando, afinal, nunca a tive nem tentei ter.
"porquê?" perguntará o(a) prezado(a) leitor(a). a resposta é tão simples que a mim confunde: "porque eu não fazia idéia disto, porque eu estou a sentir algo que já nem me sabia capaz de sentir".
estranho,não é?
é claro que eu posso estar simplesmente com sentimentos de nostálgia, saudade e talvez nem sinta o que penso estar a sentir e estou a fazer apenas uma birra.
espero que seja isso. quanto mais não seja, para que não venha a pensar que estou, de facto, apaixonado, com uma tara, caídinho por alguém( chamem-lhe o que quiserem) e só me tenha apercebido disso quando reparei que ela foi embora. isto é estranho e este meu discurso já parece o do "capitan jack sparrow" acerca dos momentos da vida em que temos a hipótese de fazer a coisa certa e ele diz "eu adoro esses momentos, de os ver passar à minha frente enquanto lhes aceno...".
espero que não me esteja a tornar nessa figura ou, talvez, seja mesmo isso que eu quero; já não sei.
será que estou simplesmente a "acenar a esses momentos enquanto passam"? será um desses momentos que me intriga neste momento? será que esse momento pode voltar? será que eu quero que volte? será que eu sei o que quero? mais importante: será que eu sei o que NÃO quero?
talvez seja só um sentimento de saudade. talvez não seja.
de qualquer forma, só há uma forma de o saber, mas será que eu quero saber?
odeio estes momentos de indecisão, de incerteza, de um abismo quando procuro uma resposta...
de qualquer forma, aqui lhe deixo aquilo de que tenho certeza: "apesar destes sentimentos contrários, confusos e assustadores, já sinto a tua falta, apesar de nunca te ter tido".

domingo, julho 16, 2006

aproxima-se


a hora aproxima-se. do meio dos meus nervos, surge a convicção de uma vitória que poderá não chegar. a minha armadura está brilhante, assim como já coloquei as esporas no nobre corcel que me leva de batalha em batalha. também a besta está carregada, assim como a espada, nobre excalibur dos tempos modernos, pronta a sair da bainha na altura certa me acompanha. a única coisa que não está afiada para as batalhas que se aproximam é mesmo a perícia do cavaleiro. este guerreiro de tempos futuros e memórias idas que já sente o cansaço da cavalgada e das feridas que ainda não sararam. é este o cavaleiro cansado que se aproxima na batalha com a expectativa que tudo acabe num duelo, embora as forças sejam desiguais. assim, em cima da minha montada, me dirijo ao horizonte para encontrar o meu destino, este fatum de batalhas ganhas e perdidas, de dissabores, de feridas, mas também de glória, de victória. três batalhas em que tenho que combater e a guerra será minha. é por elas que cavalgo noite e dia, sem descanso, para poder desembainhar a espada que me trará o meu reino e onde, finalmente, reclamarei o meu trono.

sábado, julho 08, 2006

hoje devo mesmo estar num dia "não", ou , se calhar, é só preguiça.
devo mesmo ser isso. afinal de contas, ainda só fiz uma oral. não estou a ver o desgaste já a surgir.
vi o jogo. ao contrário dos anteriores, não usei bandeiras, não gritei, não sofri nem com os três golos sofridos (a propósito disso, deixa lá petit, podia acontecer a qualquer um) assim como me mantive apático com o golo do nuno gomes.
há bocado, fui comprar tabaco à bomba de gasolina,raio da minha mania de não fumar qualquer merdita que se venda no café ao lado de casa, mas também não me importo de fazer a caminhada.
afinal de contas, os funcionários de lá já me conhecem todos.
sempre dá para dois dedos de conversa sobre algo simplesmente banal sem a pretensão de nos armarmos em inteligentes.
de facto, confesso a idéia de um diálogo perfeitamente fútil de vez em quando. é descanso mental.
claro que não pode ser sempre pois ainda acabo como alguns coitados que por aí rastejam.
bem,com o rumo que esta "conversa" está a ter, espero que não pensem que eu sou convencido, ou que gosto de me armar em inteligente. nada disso, só estou a dizer que, às vezes, sabe bem ter uma conversa que não leve a lado nenhum e ter gosto nisso.
se calhar, sou é uma pessoa complicada. será que sou? muito provavelmente, sim, mas, por outro lado, se sou assim, é assim que eu sou (agora lembrei-me daquelas deduções fantásticas do meu professor de filosofia no liceu. mais falaciosas não podiam ser, mas era um gajo porreiro).
de facto, aquilo que me chateia nestas viagens até à bomba, são mesmo o objectivo que me leva lá: o raio do macinho que grita por mim quando o outro já está vazio; mas ao menos, aproveito o passeio. não é bem a mesma coisa que ir passear o cão, mas também não tenho o trabalho de lavar o animal.
sim, se não percebeste, deves ser um tudo-nada "burrinha" mas pronto, eu digo, estava a mandar-te dar banho ao cão. para o resto dos leitores deste modesto blog, peço-vos que não liguem a este pequeno insulto pois não era para vocês.
mas como estava a dizer antes de começar a deambular (sim,eu já reparei que me dá muito para isso...), sempre dá para reflectir um pouco na vida e traçar um ou outro objectivo. é por isso que o faço. afinal de contas, há malucos para tudo. imaginem lá que até há pessoal que escreve em blogs acerca de coisa nenhuma...( alto,...esse sou eu...peço-vos que não liguem que isto deve ser o cansaço,embora hoje não tenha feito nenhum,mas cá fica a tentativa de me mostrar ocupado...), mas de facto,até ajuda. o pessoal sente-se mais relaxado depois destas pequenas rotinas.
não é que fazer coisas destas ajude alguém, afinal de contas, o bem que estes kilometros que eu faço diariamente me faz às pernas é anulado pelo tabaco que eu vou comprar para me dar cabo dos pulmões, mas, ao menos, ajuda a abstrair um bocadinho dos problemas (não sei se já repararam, mas eu também os tenho).
com estas deambulações de coisa nenhuma, já nem sei bem o que vinha escrever. se calhar, era só isso.
ah, já me lembro, sinto-me apático e nem sei porquê ,mas isso já passou.
afinal de contas, já canta o rui veloso que se vamos fazer qualquer coisa, "ao menos que valha a pena" (eu sei que nessa música ele fala de outro assunto possivelmente diferente, mas eu sou como os jornalistas dos tablóides: só uso aquilo que me convém...). assim sendo, uma vez que não sei sequer porque estou assim, não vale a pena este sentimento piegas, pois não?

terça-feira, julho 04, 2006

não te vejo;
não te oiço;
não te sinto;
não te quero.
vejo-te e sinto nada, um vazio que ninguém explica porque ninguém sabe.
ai como a vida é engraçada...
mas uma coisa é certa, não sou eu que tanto sofro.
não sou eu que tenho uma vida agitada que se resume a um eterno vazio que apenas se preenche com pena de mim mesmo. não sou eu.
é triste essa existência, não é?
não ta desejo, mas é isso que tu tens: um grande nada que disfarças com tudo o que é podre, comtudo o que não presta. resumindo:com tudo o que os outros deitam fora.
que vida "poucochinha" essa de ter nada, ser ninguém.
ahh, como deve ser triste...
mas sabes,
não te vejo;
não te oiço;
não te sinto;
não te quero.

quinta-feira, junho 29, 2006


tal como o titã, também eu luto para fugir a um destino inevitável.
o tempo não está do meu lado,os ponteiros do relógio não param, assim como o desconforto mental se intensifica.
uma pergunta me ponho: "porque lutas contra o tempo? o que vai acontecer para não quereres que chegue a hora?".
respondo-me cordialmente: "não sei, mas não quero que chegue".
estranha conversa interior, mas na qual acho a resposta para a minha pergunta: "lutas contra o tempo porque não queres que o futuro aconteça. será que temes o desconhecido, ou simplesmente já viste o que o destino te reserva?".
sacana que eu sou até com a minha própria PESSOA. mas acabo por responder: "não temo o desconhecido pois a única coisa que lá posso encontrar é a verdade".
"então temes porque já conheces. mas então não deves ter medo, mas sim encara de frente, pois não vais aprender porque já conheces a verdade".
raios me partam que até a mim dou lições de moral.
mas, ao menos, ajudei.
a minha luta é o meu fatum,o meu destino, o caminho que terei de partilhar.

quarta-feira, junho 28, 2006


acendo mais um. o cinzeiro está cheio e o maço quase vazio; assim copo o
copo.
será que ajuda a pensar, a ver melhor o mundo à minha volta, ou simplesmente me ajuda a abstrair dos meus pensamentos?
odeio estes momentos de reflexão. o que fiz, o que não fiz, o que deixei de fazer, onde estava certo e o que fiz de errado... também já nada interessa. tudo é passado, tudo é memória, mas já nada traz o tempo em que podia ter feito algo.
é, precisamente disso que me arrependo, do que não fiz mas devia ter feito.
o resto não interessa. fi-lo e assumo com orgulho, ou mesmo na falta dele, o que fiz pois essas acções são parte de mim, de quem eu sou. são esses actos que me fizeram e me tornarem em mim.
acendo outro, esta noite está mesmo agreste. não durmo a pensar no que não fiz. será que ainda vou a tempo?
provavelmente não, mas, no fundo do meu copo, apercebo-me: as minhas omissões são não mais que actos que apenas não aconteceram para os outros.
já não me arrependo pois também eles fazem parte de mim.
à quarta vez que encho o copo lá me vem à cabeça: "o futuro é que interessa", mas evito pensar dessa forma. recuso-me a planear o futuro; quero é vivê-lo para voltar a pegar neste copo que me reconforta este corpo cansado com o calor desse álcool que me queima e me destroi com a ajuda do cigarro. por falar nisso, lá vai mais um, mas não quero reflectir mais; quero que o dia chegue para que não me volte a arrepender do que não fiz; ou será que devo aproveitar e sair já agora? afinal de contas, "carpe diem" dizia o outro... não, não me sinto com pachorra. estes hábitos não me deixam sair de casa. ou eles, ou a brigada de trânsito, já não sei.
mas o copo já está de novo vazio e continuo a pensar nisto.
será que por ser assim, se devem aqueles actos e omissões, ou será que por esses actos e omissões me tornei assim?
certamente não fiz tudo sozinho, se errei, não terei sido o único, mas será que aqueles que erraram comigo também são responsáveis, ou serei eu responsável por eles?
o copo começa a dizer-me que é lixado viver nesta sociedade: "nunca sabemos de quem é a culpa, pois ela morre sempre solteira"... raio do copo, até diz umas coisas acertadas. pergunto-me se me diria o mesmo se estivesse cheio de água, mas desconfio que não.
desta forma, chego a conclusão nenhuma e isso conforta-me.
a caminho de mais um cigarro, aproveito a viagem para voltar a encher o copo de novo."mais um para a viagem", diz ele.
e de facto, não estava a peça de loiça enganada, mas vou-me embora fazendo um acordo com ele, com a sociedade personificadamente presente neste diálogo:
"tu assumes a tua parte das culpas que eu assumo a minha".