domingo, março 30, 2008

o casino da vida...


há coisas na vida que acabam por ser um pouco como ir ao casino.
pessoalmente, gosto de dar um saltinho ao casino.
acaba sempre por ser para ir tomar um cafézinho, mas, estando onde estou, acabo sempre por dar uma voltinha pelas salas lá de cima.
"só vou dar uma olhadela", pensamos nós, enquanto subimos as escadas, tentando convercer-nos que somos melhores que os outros, que aquela ideia de felicidade instantânea não nos vai afectar.
mas, olhando para toda a gente com dinheiro e fichas na mão, acabamos sempre por ir ter à roleta, ou a uma máquina. "oh! já sei que não vou ganhar nada", pensamos para não nos iludirmos demasiado. afinal de contas, a vida vive-se melhor se não tivermos muitas expectativas.
então, convence-mo-nos que não vamos ganhar, que aquele dinheiro já está perdido e só nos vamos distrair um bocadinho.
é esse o erro da maior parte das pessoas, eu incluído: pensamos que controlamos a situação, pensamos que controlamos aquilo que sentimos.
assim, metemos a nota na máquina e começamos a jogar.
à primeira, ganha-se sempre e começamos a esboçar um sorriso nos lábios. "estou a ganhar, estou feliz, isto vai durar para sempre", mas não é assim que acontece.
vem as contrariedades e começamos a perder, tanto aquilo que já tinhamos ganho,, como aquilo que nóis investimos.
sentimo-nos frustados quando vemos o nosso crédito a zero.
já não levamos o nosso prémio para casa, nem sequer algum peso que traziamos na carteira.
no fundo, ficamos vazios.
voltamos desanimados para casa, sozinhos e apenas com aquela sensação que era quase ali que seríamos felizes.
de repente, aqueles sentimentos nos quais somos os reis do mundo, em que somos bons, em que somos felizes, desvanecem.
passamos um bom bocado que já passou, mas ficou caro. foi uma ilusão bonita, mas acabou.
mas aquilo que é mais gritante não é isso. é o facto de sairmos de lá, olhando para tras, vendo o casino e pensar que não voltaremos lá. afinal de contas, perdemos e de uma forma rápida. nem sequer deu tempo de sonhar um bocadinho.
o casino consome-nos e deita-nos fora.
mas, apesar disso, nós não conseguimos abandoná-lo. saímos de lá, juramos que nunca mais. muitas vezes, até nos tentamos controlar, mas acabamos por voltar lá.
já devíamos saber que continuamos a não ganhar, mas não resistimos.

outras coisas na vida são exactamente a mesma situação.

terça-feira, março 25, 2008

segunda-feira, março 24, 2008

despedida?


odeio despedidas.
não necessáriamente porque aquele(a) de quem nos despedimos se vai embora, mas porque...se vai embora.
quando alguém parte, fá-lo por uma, ou por várias razões.
partimos sempre por algo melhor, seja uma carreira, seja uma casa, seja uma relação, seja, pura e simplesmente, uma nova vida.
é isso que normalmente temo.
eu já me despedi e outros já se despediram de mim.
é isso que eu temo, e acredito que tu também.
é aquela altura do medo. o medo de não conseguirmos aquilo que queremos, o medo de não encontrarmos aquilo que estavamos à espera, o medo da saudade ou, ainda, o medo de encontrarmos tudo aquilo que esperavamos e já não querer voltar.
são esses os medos de quem parte.
então e os medos de quem fica?
bem, na verdade, não devíamos ter medo.
despedimo-nos de alguém, mas pelos bons motivos.
devemos estar felizes por aqueles de quem nos despedimos.
assim como nós tentamos encontrar a felicidade, também os outros tem esse direito e não somos nós que lhes podemos mostrar como se faz.
na verdade, não tenho medo de me despedir de alguém e essa pessoa venha a ser feliz.
espero, sinceramente que o consiga, assim como espero que se realize tudo aquilo que te contei entre piadas acerca da tua nova vida.
as piadas sempre foram uma forma de eu enfrentar os meus medos.
mas sim, tenho algum medo. não o medo como quem parte, mas o medo de quem fica.
é aquele medo que as coisas mudem, que já não voltam ao que fomos.
sei que as coisas mudam. acredito que a mudança é necessária.
é só aquele medo que mudem demasiado, o medo de nos encontrarmos na rua e não nos reconhecermos.
pior, o medo de nos encontramos e não ter nada para contar.
é esse o meu grande medo.
confio que não vá acontecer.
acredito que já não vamos falar das mesmas coisas. ambos crescemos, seguimos rumos diferentes e vamos ter experiências distintas, mas quero continuar a poder falar delas contigo, e ouvir as tuas.
espero sinceramente que ainda te rias de quando te conto as minhas "aventuras", assim como espero continuar a levar com aqueles comentários.
sei que não vão ser tão frequentes.
talvez já não possa ser aquele café sazonal, mas sei que o vamos continuar a cumprir.
talvez de mais tempo a tempo. talvez com outras companhias, as tuas e as minhas, talvez já não usemos um carro branco, meu ou teu, mas espero que os continuemos a tomar.
agora, em relação aos teus medos, são legítimos.
é sempre difícil mudar de vida e ir para longe.
há sempre medos da incerteza, que as coisas mudem ou que sintas que já não é a mesma coisa.
contudo, há sempre uma coisa que não vai mudar, há sempre algo com que podemos sempre contar e que vai estar sempre lá à espera:

O SÍTIO DO COSTUME.

Boa Viagem

domingo, março 16, 2008

a droga e a dor



todos temos uma droga.
não é preciso que seja uma substância química que nos põe em transe.
todos temos um droga, algo que não conseguimos largar, mas que nos vai destruindo lentamente, sem sequer repararmos que já não somos nós próprios.
não somos, nem voltaremos a ser.
eramos puros, antes de encontrar essa droga. eramos felizes, ou fazíamos por isso, mas não continuamos assim.
é impossível continuar assim.
encontarmos essa nossa droga, essa substancia, essa pessoa que achamos que nos vai fazer felizes, que encontarmos tudo aquilo que sempre precisamos, mas as coisas não são assim, nem tudo vai ficar bem, mas nós não nos importamos pois sentimos que é o correcto, que é aquilo que nos traz felicidade, que é aquilo que nos faz gritar ao mundo unteiro que somos felizes, que somos os maiores, que temos aquilo que sempre procuramos.
mas as coisas não são assim. nós não conseguimos ser felizes, não conseguimos manter aquilo que queremos.
as coisas acabam, acaba-se a felicidade, acaba-se outro sentimento, a pessoa vai-se embora.
então e depois?
todos acreditamos que conseguimos ultrapassar tudo. toda a gente nos diz que somos fortes, que ultrapassamos as nossa fraquezas e que não era aquilo que nos fazia felizes, mas não é bem assim.
nós sofremos. começa a doer, lá dentro, bem dentro do nosso peito, bem no fundo da alma.
nós precisamos dessa nossa droga, seja ela quem for, mas precisamos dela, para conseguirmos ser felizes, para nos mantermos sãos, para conseguir pensar direito.
nós precisamos, mas não temos.
é aí que sofremos à séria. é aí que choramos e é aí que nos deitamos todas as noites, já não para dormir descansados depois de um dia longo, mas porque já não temos capacidade de nos mantermos acordados de tão cansados que estamos de sofrer.
é essa a nossa ressaca dessa nossa droga.
é esse o sofrimento que sentimos por não estarmos com ela.
mas será que algum dia recuperamos?
bem, ninguém vive em ressaca para sempre.
sim , toda a gente acaba por fazer o seu tratamento, toda a gente acaba por aprender a viver sem essa nossa droga.
mas ñunca volta a ser o mesmo.
nós aprendemos a viver sem, mas nunca mais somos o que eramos.
tanto a inocência perdida nunca mais volta, como´nem nós voltamos a ser os mesmos.
podemos parecer os mesmos, podemos passar dia todo sem essa nossa droga, mas vai estar sempre na nossa cabeça, vai estar o nosso coração a pedi-la.
nós não recuperamos, não voltamos ser felizes, não voltamos a ser quem eramos.
simplesmente, aprendemos a conviver com essa falta. aprendemos a sentir a presença dessa dor e acabamos por senti-la como parte de nós?
quem é que estou a tentar enganar?
ela é mesmo parte de nós.
e nós vamos vivendo. nunca mais vivemos. vamos vivendo, suportando os dias com uma máscara de quem não somos, acabando por ter como única e real companheira essa dor.
essa nossa amiga que nos acompanha sempre. essa esposa que nunca nos deixa realmente ser felizes com uma outra droga, mas que nos trai e que nos mantem ali, bem doridos, bem a sofrer.
às vezes, essa dor vai-se embora.
não acontece muitas vezes, e nunca se vai embora de vez.
é quando temos uma recaída, quando voltamos a ter essa droga, quando nos deixamos cair outra vez nos braços desse vício.
aí, a dor desaparece, mas simplesmente porque voltamos à droga que nos mantem o coração aprisionado.
voltammos tempos pós-felicidade inocente, voltam as sensações quase-para-normais, volta aquela falsa sensação de felicidade eterna.
volta tudo, menos essa dor.
essa dor é esquecida. essa nossa velha amiga de tantos anos é posta de parte e nós nem sentimos remorsos. queremos viver de novo e essa dor nem sequer alguma vez foi nossa amiga.
era só alguma coisa que preenchia um vazio deixado pela ausencia dessa nossa droga.
mas já devíamos saber que as drogas são passageiras, e quando voltam só nos vão deixar em pior estado do que da última vez, mas não nos importamos.
estamos felizes de novo, ou, pelo menos, começamos a viver nessa ilusão.
só que essa droga acaba por se ir embora. ela vai-se sempre embora.
não há nada a fazer.
todos nós temos a nossa droga, e todos sabemos bem como ela vem e vai.
e quando ela se vai, retorna o vazioque tem de ser preenchido com alguma coisa.
e aí retorna a nossa velha amiga, aquela que nunca nos abandona. a nossa velha amiga dor, que retorna sem ressentimentos por a termos abandonado temporariamente.
ela não se importa. sabia que voltava.
então, vai chegando aos poucos, sabendo que vai ficar conosco até ao momento em que tivermos uma nova recaída, sabendo que depois vai desaparecer, mas que também vai voltar.
sê benvinda, velha companheira. fiquemos juntos por mais uns tempos...

sábado, março 15, 2008

ressaca...


escrevo bem lá o fundo da ressaca da minha vida.
escrevo da bebedeira que todos apanhamos de tempos a tempos.
mas, e se essa bebdeira for constante, ou melhor, porque é que tem essa bebedeira de nos apanhar?
bebemos um copo,e vai ficar tudo bem. bebemos outro e sabemos que a vida é a bebedeira que sempre quisemos apanhar.
mas toda a euforia acaba.
volta tudo ao mesmo, mas sentimos a alma dorida, sentimos que não devíamos ter feito. não nos devíamos ter envolvido.
afinal de contas, da felicidade que essa bebedeira nos trouxe, resta muito pouco. resta nada, a não ser a maldita ressaca que nos acaba de destruir.
faz-nos sentir vazios, sem um propósito.
é a ressaca da vida, é aquilo que nos mostra que estamos vivos, que sentimos, que amamos, pois é aquilo que nos mostra que doi.

terça-feira, março 11, 2008

de volta


às vezes, é necessário afastar-mo-nos por uns tempos.
é sempre bom para arejar, viver novas expriências e ter alguma coisa para contar.
pois bem, foi o que fiz.
saí por uns tempos, e volto agora.
talvez volte porque não conseguia abandonar este sítio, ou talvez porque já não há motivo para não voltar.
no fundo, as coisas passam-se como num qualquer ciclo: fazemos algo, fazemos outra coisa e voltamos sempre ao ínicio.
pois bem, não sei se voltei ao ínicio, mas não consigo tirar da cabeça que voltei ao ponto onde estava: a mesma treta , os mesmos sentimentos , a mesma atitude, ou quase, de sempre.
não queria estar aqui, mas parece que é para onde sempre retorno.
ao menos, tive um cheirinho do que podia ser a felicidade. não por muito tempo, mas tive.
fica isso.