segunda-feira, julho 02, 2007

sem destino...

peguei no carro.
fiz-me à estrada. segui sem destino, sem local para ir. não era o meu objectivo chegar a lado algum, mas afastar-me de onde saí.
segui, segui, ao sabor do vento e ao som de uma qualquer canção. segui sempre, até o carro dar o berro. não fiquei chateado, não gritei. saí do carro e continuei a andar. andei até ao mar, onde entrei sem sequer tirar as calças.
porque o fiz?
não sei. não estava a fugir de nada. não estava a fugir dos meus problemas, não estava a fugir de ninguém. apenas cedi a uma loucura de chegar a lugar algum sem, sequer, pensar se conseguia voltar.
andei até o carro dar o berro. continuei a andar até não haver mais terra para caminhar.
o que tinha na cabeça? nada, com excepção de um vão objectivo de ir, de correr, de sair de um lado sem ter que chegar a outro.
conduzi, andei, nadei sem olhar para trás, sem pensar no passado e, muito menos, sem ver o futuro.
fui eu, no presente, o único tempo que realmente existe, a única altura que realmente importa, o único momento que realmente interessa.
sou doido?
talvez, mas também já fiz coisas "piores".
arrependo-me?
de absolutamente nada.
quis fazê-lo e fiz. sem pensar, sem reflectir, sem planear. simplesmente, fui.
fui livre por momentos. livre de regras, livre de destinos, livre de um passado e de um futuro que mais não existem que não na nossa cabeça.
fui livre de amor, fui livre de sofrimento, fui livre de mim próprio...
e, por momentos, deixei de ser aquilo que esperam de mim, deixei de ser aquilo que eu próprio exijo de mim.
por momentos, fui sem o ser.


ps: o carro está na oficina.

1 comentário:

ATG disse...

O carro pode estar na oficina, mas ao menos rendeu!