quinta-feira, julho 17, 2008

a viagem


daqui a alguns dias, vou-me embora.
pela primeira vez em cinco anos, vou partir sem ter um destino certo para quando voltar.
de facto, pela primeira vez, em cinco anos, nem sei bem para onde vou voltar.
falam eles das etapas. de uma que acaba e outra que começa.
não sei se é bem isso, mas sempre tem uma pontinha de verdade.
mas o que interessa é que, por agora, vou-me embora.
é altura de começar a fazer as malas, pegar no carro e fazer 416 kilómetros até chegar´`aquela que já foi, uma vez, a minha casa. agora, é a casa da minha família, a minha casa de férias, se quiserem, mas já não sinto que seja a minha casa.
vou para lá passar o meu último verão, vou para lá para descansar a sério uma última vez antes da outra etapa que começa depois desta que se inicia: a reforma.
não sei como vou fazer estes 416 kilómetros.
não sei qual das sensações se vai sobrepôr. se a sensação de ansiedade de chegar e ser recebido pela minha família e ser tratado como o rei que eu não sou por ter feito algo que acaba por ser tão banal como ter acabado a merda do curso, ou se vou por esses 416 kilómetros com a companhia da tristeza por, mais uma vez, estar abandonar aquilo que conheci e que foi a kinha vida por cinco anos, sabendo que, quando voltar, as coisas vão estar diferentes.
não é que não goste da mudança. apenas me aflige que não possa controlar as coisas de acontecerem enquanto estou longe.
talvez profeticamente, quer-me parecer que já vi um pequeno relance do futuro que me espera quando voltar. quer-me parecer que já sei aquilo que vai acontecer enquanto estiver fora e isso só demosntra que, quando voltar à cidade que me acolhei por cinco anos, terei de começar tudo de novo pois encontrarei este sítio de pernas para o ar.
também não sei o que me espera lá em cima. não sei. mas sei que vou sofrer mais com aquilo que acontecer cá em baixo do que com aquilo que eventualmente possa suceder enquanto estiver na terra, vá, dos meus pais...
não sei como vou fazer esta viagem, mas sei que não a vou fazer de animo leve.
só sei que tenho de a fazer, que tenho de estar com a minha família, de estar com os poucos amigos que ainda tenho por lá.
a incerteza parece que me prende aqui, mas vou. tenho de ir.

Sem comentários: