sábado, janeiro 10, 2009

"um dia..."


Lá no trabalho, devo admitir, a não ser que recorramos à nespresso, que o café é, vá, no mínimo, péssimo.
na verdade, é mesmo uma porcaria.
por outro lado, os pacotes de açucar, na verdade, contém um açucar perfeitamente normal sem qualquer tipo de adição que nos aumente o rendimento ou nos transforme em super-consultores, é um açucar normal.
contudo, tem uma coisa que o faz especial: a nicola faz a campanha "um dia" e em todos os pacotes de açucar tem uma mensagem diferente.
mensagens do tipo "um dia faço uma tatuagem", "um dia começo a cantar no meio da rua", "um dia escrevo-te uma canção", "um dia ponho a mochila às costas e vou conhecer o mundo", "um dia fujo do trabalho para brincar com a minha filha",(... espera, essa, acho que foi censurada por motivos de produtividade).
enfim, todos os dias, uma pessoa chega para beber um café e tem uma mensagem.
a maior parte das pessoas, provavelmente, nem se dá ao trabalho de olhar para o pacote de açucar e ler a mensagem de apelo à rebeldia a que aquela marca incita. aqueles que a leem, esboçam um pequeno sorriso, bebem o seu café e voltam para as suas vidas completamente controladas pelo cabs (para os meus leitores que não sabem o que é o cabs, deixem-se estar assim. um dia, vão conhecê-lo e agradecer-me por não vos ter dito o que era mais cedo).
eu, quando faço uma pausa dessa minha vida controlada pelo cabs e vou beber um café, dou-me ao trabalho de ler o que aquele pacotinho de açucar tem para me dizer e fico um bocadinho a reflectir no que aquela pequena frase me incita e, sobretudo, porque é que ainda não fiz. afinal de contas, são coisas relativamente simples de realizar.
então, porque não as fazemos?
bem, a única resposta que eu encontro é esta: "nós fazemos parte da sociedade e somos controlados por ela e, se fizermos algo que pareça relativamente afastado do que ela espera de nós, vai-nos castigar".
somos um grupo de individuos tolhidos pelo medo dos outros individuos e bradamos a nossa liberdade ao mundo, mas só quando o mundo não está a ouvir.
estas pequenas coisas que o café nos sugere fazer são, para a sociedade em geral, uma loucura que não é esperada de nós e nós não a relaizamos pelo medo das represálias da sociedade.
por isso, não faremos a tatuagem porque seremos conotados com marginais, não começamos a cantar na rua porque temos medo dos olhares em redor e da reprovação daqueles que nem conhecemos, mas que, decerto, nos vão julgar, não escrevemos um canção porque temos medo de expôr os nossos sentimentos e que o seu ouvinte a ache ridicula, não pomos a mochila às costas e vamos conhecer o mundo porque temos medo de sair do nosso pequeno circulo de influencia e aventurar-mo-nos num desconhecido que não controlamos, não fugimos do trabalho para brincar com os nossos filhos, ou equiparados, porque temos demasiado medo do cabs para deixar de trabalhar...
estamos constantemente a ter medo de fazer as coisas, por muito pequenas que sejam, porque tememos a reacção dos outros.
não devíamos ser assim, não devíamos temer que os nossos actos sejam julgados.
afinal de contas, se " a minha liberdade termina onde começa a liberdade do próximo", então, desde que não prejudiquemos ninguém, devíamos para de dizer "um dia..." e passar aos actos.
afinal de contas, a vida é nossa, nós fazemos dela o que nós quisermos e temos o direito de ser felizes.
Hoje, eu não disse "um dia..."... outra vez!



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